Do Sublime

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Imprensa da Universidade de Coimbra / Coimbra University Press, Nov 1, 2015 - 107 pages

Data do séc. X o mais antigo códice com o tratado Do Sublime. Durante muito tempo atribuído a Cássio Longino (séc. III), o opúsculo é hoje geralmente considerado obra do séc. I, escrita por um anónimo ou por um Dionísio Longino do qual muito pouco se sabe. Ignorado, ao que parece, na Antiguidade e na Idade Média, só em 1554, em Basileia e pela mão de Robortello, veio o texto a conhecer a sua editio princeps, tendo sido depois sucessivamente editado e traduzido, primeiro para latim e, posteriormente, para várias línguas europeias, a começar pela célebre versão de Boileau que, na Europa Ilustrada, se tornou a principal via de acesso ao tratado. Na linha de uma visão da arte retórica mais próxima do que entendemos por crítica literária, o Peri Hypsos afasta-se da abordagem estilística consagrada nos tratados de Retórica para definir o Sublime como uma qualidade dos discursos que suscita nos ouvintes e leitores não tanto a persuasão quanto o assombro e o êxtase. Ora, é precisamente esta ideia de assombro e estremecimento suscitados pela linguagem literária que há-de inspirar as obras de Burke e de Kant, entrando, assim, definitivamente o Do Sublime na história da Estética ocidental.

 

Comes from the 10th century the oldest codex with the treatise On the Sublime. For a long time attributed to Cassius Longinus (third century ), the text is now generally considered a first century work, written by an anonymous or a Dionysius Longinus whose life and work is unknown. Ignored, as it seems, in Antiquity and the Middle Ages, the text came to meet its editio princeps only in 1554, in Basel and by the hand of Francesco Robortello. It was then successively edited and translated, first into Latin and later into several European languages, starting with the famous French version of Boileau that for a long time was the main source for the knowledge of the treatise in Europe. Peri Hypsous moves away from the stylistic approach of ancient rhetorical books and presents a definition of Sublime as a quality of discourse which produces in the hearers and readers not persuasion but wonder and ecstasy. It is precisely this idea of wonder and shudder that has inspired the works of Burke (A Philosophical Enquiry into the origin of our Ideas of the Sublime and Beautiful, 1757) and Kant, by whose hands the treatise On the Sublime entered the history of Western Aesthetics.

 

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About the author (2015)

Marta Várzeas é professora Auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses e Estudos Românicos da Faculdade de Letras do Porto; Investigadora do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra; membro fundador da Sociedade Portuguesa de Retórica. Doutorou-se em Literaturas Clássicas, especialidade de Literatura Grega, com a dissertação A força da palavra no teatro de Sófocles: entre retórica e poética (FCT/FCG, 2009). Tem publicado vários trabalhos na área da Literatura Grega antiga, nomeadamente do Teatro trágico e da Poesia. No âmbito da tradução de textos clássicos, é autora de Plutarco, Vidas de Demóstenes e Cícero (Classica Digitalia, 2010) e Sófocles, Antígona (TNSJ, Húmus, 2011).

 

Marta Isabel de Oliveira Várzeas is a professor at the Faculty of Arts and Humanities of the University of Oporto; she has a PhD on Greek Literature (University of Coimbra, 2006). As an author or editor, she published Silêncios no Teatro de Sófocles, Lisboa, Cosmos, 2001; A Força da Palavra no Teatro de Sófocles. Entre Retórica e Poética, Lisboa, FCG/FCT, 2009; Retórica e Teatro, Porto, Editora UP, 2010; As Artes de Prometeu, Porto, FLUP, 2009; Plutarco. Vidas de Demóstenes e Cícero,Coimbra, Classica Digitalia, 2009; Sófocles. Antígona (introdução, tradução e notas), Porto, TNSJ, Humus, 2011. She is a researcher at the Centre of Classical and Humanistic Studies of the University of Coimbra (Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra), and a member of several scientific associations, such as the Sociedade Portuguesa de Retórica.

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